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14-Ago-2016 -- No domingo, 14 de agosto, viajei com minha esposa em busca de uma nova confluência localizada próxima de nossa casa. Apesar da proximidade, essa confluência tem como principal característica uma gigantesca distância a ser percorrida em estrada de terra.
A região sudeste do Pará, onde nós estamos morando atualmente, tem como característica o fato de ter sido, originalmente, coberta pela Floresta Amazônica, e de atualmente estar com a cobertura original bastante devastada, sobrando apenas algumas poucas áreas preservadas, que geralmente abrigam reservas indígenas. Áreas mais contínuas de floresta preservada só são encontradas à medida que nos deslocamos para oeste, dentro do estado.
As áreas que tiveram sua cobertura florestal original substituída por fazendas se estendem por distâncias muito grandes. As cidades, por outro lado, não cresceram na mesma proporção, o que fez com que a região ficasse caracterizada por municípios com zonas rurais gigantescas, nas quais é necessário percorrer centenas de quilômetros de estradas vicinais para se ir da sede do município até os povoados e fazendas mais afastados.
O município de Marabá, por exemplo, onde estou morando atualmente, possui povoados que se localizam a mais de 200 quilômetros de sua sede, distância esta que deve ser percorrida por estradas de terra.
A confluência 5S 50W localiza-se no município vizinho de Itupiranga, que tem também as citadas características. Para chegar até o ponto, é necessário atravessar praticamente toda a extensão da zona rural deste município, uma distância de 102 quilômetros em estrada de terra.
Saímos de casa por volta das 7h30min, pegamos a Rodovia Transamazônica e seguimos por cerca de 50 quilômetros no asfalto, até pouco antes do acesso à cidade de Itupiranga. Viramos à esquerda e iniciamos o longo trecho em estrada de terra.
Os primeiros 83 quilômetros da estrada de terra estão em condições muito boas, e conseguimos manter uma velocidade média de 60 quilômetros por hora. Após percorrermos essa distância, chegamos ao povoado de Vila Mangueira, composto por algumas dezenas de casas e que conta com alguma estrutura, como farmácia, mercado, posto de gasolina e posto de saúde. Trata-se de um ponto de apoio muito importante em um lugar tão afastado de tudo.
Os 19 quilômetros finais foram bem mais complicados. A estrada de terra ficou bem mais estreita e em piores condições. A região é cortada por uma grande quantidade de rios e ribeirões, e algumas das pontes de madeira, ao que tudo indica, não foram feitas para serem atravessadas por carros pequenos, apenas por motos ou por caminhonetes. Na travessia mais crítica, a ponte se constituía em apenas duas toras de madeira bem distantes uma da outra, formando um vão muito largo elas, praticamente a distância exata para caber as rodas do nosso carro. Essa travessia é mostrada em uma das fotos publicadas.
Quando estávamos a apenas 1.500 metros do ponto exato, em uma outra travessia bastante complicada, a ponte novamente era constituída de duas toras, mas o vão central estava tampado por pranchas de madeira. O problema, desta vez, é que essas pranchas de madeira centrais estavam muito altas, e, ao tentarmos passar, elas simplesmente se prendiam no fundo do carro. Para atravessar a ponte, a única maneira possível seria passar com uma das rodas sobre o vão central, ou seja, sobre essas pranchas de madeira. Considerando que essas pranchas do vão central não estavam muito confiáveis para aguentar o peso do carro, considerando que havia muitos pregos sobre essas pranchas que poderiam furar o pneu do carro, e considerando que a distância remanescente era pequena, optei por parar neste ponto e vencer o restante do percurso a pé.
A caminhada foi tranquila. Seguindo a estrada de terra, cheguei a 250 metros do ponto exato. Atravessei uma cerca, subi uma colina por uma área de mato e zerei o GPS.
Essa foi a maior distância que já percorri em estrada de terra para visitar uma confluência, 102 quilômetros (ou 204 quilômetros, considerando ida e volta). A maior distância já percorrida até então tinha sido 50 quilômetros, na visita à confluência 5S 47W, no Maranhão.
Fizemos todo o caminho de volta, enfrentando as mesmas dificuldades e vencendo toda a distância. Não paramos em nenhum local para tomar lanche e beber água, uma vez que, como já prevíamos a possibilidade de não encontrarmos locais adequados para parar no caminho, nós saímos de casa levando bastante água e biscoitos. Chegamos em casa pouco antes das 16 horas.
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14-Aug-2016 -- Sunday, August 14, I travelled with my wife to a new confluence located near my home. Although the proximity, this confluence has as its main characteristic the huge distance to overcome in dirt road.
The southeast region of Pará state, where we are living nowadays, has as characteristic the fact that it was, originally, totally covered by Amazon Jungle, and nowadays it was with the vegetal cover very devastated, remaining only few preserved areas, generally in Indian Reservations. More continuous areas of preserved jungle are encountered only when we go to west, in the state.
The areas in which the original forest cover was replaced by farms extends by very big areas. The cities, on the other hand, didn’t grow by the same proportion, making the region be characterized by municipalities with huge rural areas, in which it must travel by hundreds of kilometers in rural roads in order to go from the city to the farthest villages and farms.
The Marabá municipality, for example, where I was living nowadays, has villages that are located more than 200 kilometers to the city, and this distance must be managed in dirt road.
The confluence 5S 50W lies in Itupiranga municipality, beside Marabá, and this municipality has the same characteristics. In order to go up to the point, it’s necessary to cross practically all the rural area of this municipality, a distance of 102 kilometers in dirt road.
We left home about 7:30, caught the Rodovia Transamazônica (Transamazon Highway) and headed by about 50 kilometers in asphalt, up to a bit before the access to Itupiranga city. We turned left and started the long leg in dirt road.
The first 83 kilometers of dirt road was in very good condition, and we managed to win them keeping an average speed of 60 kilometers per hour. After managing this distance, we arrived at Vila Mangueira village, which contains some dozens of houses and some structure, as pharmacy, market, gas station and health center. It’s a very important support point in a so isolated region.
The final 19 kilometers are much more complicated. The dirt road turned much narrower and in bad condition. The region is crossed by a big amount of rivers and streams, and some wood bridges, apparently, wasn’t made to be crossed by small cars, only by motorcycles and SUVs. In the most critical crossing, the bridge consists in only two logs of wood with a big distance between them, creating a very large empty space, practically the exact space to fit the wheels of our car. This crossing is shown in one of the published photos.
When we are only 1,500 meters to the exact point, in other very complicated crossing, the bridge is again constituted by two logs of wood, but the central space was covered by wooden boards. The problem, in this time, is that these central wooden boards were very tall and, when we tried to pass, they simply hit the bottom of the car. To cross the bridge, the unique alternative would be pass with one of the wheels over the central space, that is, over the wooden boards. Considering that these boards wasn’t so reliable to support the weight of the car, considering that there were many nails on this boards that could pierce the tire of the car, and considering that the remaining distance was small, I opted by stop in this point and manage the remaining distance on foot.
The hike was nice. Following the dirt road, I went up to 250 meters to the exact point. I jumped a fence, climbed a hill by a bush area and got all GPS zeroes.
This was my longest distance managed in dirt road to visit a confluence, 102 kilometers (or 204 kilometers, considering the round trip). The longest managed distance, until then, was 50 kilometers, in the visit to the confluence 5S 47W, in Maranhão state.
We made all the way back, facing the same hardness and managing all the distance. We didn’t stop in any place to take a snack or drink water, because, as I had already previewed that we maybe wouldn’t find adequate places to stop in the way, we left home carrying a lot of water and biscuits. We arrived home a bit before 16:00.