#1: [01-Oct-02]

English

22-Oct-2022 --

A confluência 16S 46W tem uma característica interessante. Ela fica no caminho entre Montes Claros, a cidade que estou morando atualmente, e Brasília. Porém, esse é um caminho precário e, apesar de ser mais curto, não é utilizado nem pelos ônibus que ligam as duas cidades, e nem por quem vai de carro de uma cidade para outra.

O caminho mais utilizado pelos carros e pelos ônibus que partem de Montes Claros é seguir pela BR-365, passar por Pirapora, pegar em seguida a BR-040, passar pelas cidades de João Pinheiro, Paracatu e Cristalina e seguir até Brasília. Por esse caminho, a distância total é de 698 quilômetros. Já o caminho menos utilizado segue de Montes Claros até a cidade de São Francisco, onde é necessário atravessar uma balsa sobre o rio São Francisco. Em seguida, segue-se por asfalto até a cidade de Pintópolis, onde se inicia um trecho em estrada de terra de 72 quilômetros até a cidade de Urucuia. A partir daí, segue-se por asfalto, passa-se pelas cidades de Arinos e Cabeceiras, e chega-se a Brasília. A distância total por este caminho é de 586 quilômetros, ou seja, 112 quilômetros a menos, em relação ao caminho mais utilizado.

A confluência 16S 46W localiza-se, conforme citado, muito próxima desse caminho mais curto e mais precário entre Montes Claros e Brasília. Para ser mais exato, ela fica entre as citadas cidades de Urucuia e Arinos. Como eu moro em Montes Claros, seria natural que eu seguisse esse caminho, a partir de minha casa, até o ponto. Porém, por mais estranho que possa parecer, eu preferi fazer uma gigantesca volta, que praticamente triplicou a distância percorrida: optei por viajar de ônibus até Brasília e acessar o ponto a partir de lá.

Eu tinha duas razões de ordem técnica para tomar essa decisão. Em primeiro lugar, partindo diretamente de Montes Claros, eu teria que passar a noite na região da confluência, já que, nesse caso, não daria tempo de ir e voltar em um único dia. E eu considerei que conseguir um lugar para passar a noite na região da confluência poderia não ser algo fácil, já que é uma região remota, que conta com apenas duas cidades muito pequenas, Arinos e Urucuia, tendo cada uma delas menos de 20 mil habitantes.

A segunda razão é que, partindo diretamente de Montes Claros, eu teria que enfrentar, conforme citado, um trecho de 72 quilômetros em estrada de terra, que poderia estar em condições intransitáveis para um carro pequeno. Mas, a despeito dessas duas razões de ordem técnica, a verdade é que eu optei por viajar de ônibus até Brasília porque considerei essa viagem bem mais agradável e interessante.

Peguei o ônibus em Montes Claros às 19 horas de sexta-feira, e cheguei a Brasília por volta das 6h30min do dia seguinte. Tomei café da manhã, aluguei um carro e segui direto para a confluência. Após viajar por 278 quilômetros, cheguei ao ponto em que se iniciaria a estrada de terra que dá acesso ao povoado de Morrinhos.

Ao chegar ao ponto em que, segundo o Google Earth, eu deveria virar à direita e iniciar o trecho de estrada de terra, fui surpreendido pelo fato de que essa estrada simplesmente não existia! Continuei seguindo pela rodovia e, 670 metros depois, encontrei a estrada. Não entendi essa diferença, e a única explicação aceitável é que houve um reposicionamento da estrada ao longo dos últimos doze anos, já que a foto de satélite é de 2010.

Embora eu tenha conseguido, conforme esperado, pegar o acesso ao povoado de Morrinhos, a grande variação na posição da estrada fez com que eu não conseguisse mais encontrar nenhuma marcação que eu tinha feito, e que me levaria o mais próximo possível da confluência. Diante dessa situação, eu optei por simplesmente marcar o ponto exato da confluência e tentar me aproximar dele seguindo apenas a seta do GPS.

Inicialmente, fui até o povoado de Morrinhos, que se localiza a 3.300 metros em linha reta do ponto exato. Ao chegar lá, percebi que, por sorte, havia uma outra estrada, que se iniciava na lateral direita da igreja do povoado, e que seguia praticamente na direção da confluência. Segui por essa estrada e consegui ir até 2.350 metros do ponto exato. Desse ponto em diante, eu teria que seguir a pé, porque havia uma porteira trancada a cadeado.

A caminhada foi tranquila, embora o sol estivesse extremamente quente. Seguindo por uma estrada de terra, consegui ir até 550 metros do ponto exato. A partir daí, eu tive que deixar a estrada e entrar no mato. Os 340 metros seguintes foram bem fáceis, por um trecho de mato baixo. Finalmente, os 210 metros finais foram por um trecho de mato mais alto, mas que não criou grandes dificuldades. Zerei o GPS e fiz o registro da visita às 11h55min.

Fiz todo o caminho de volta até o carro e, quando eu estava seguindo pela estrada de terra, voltando para a rodovia, encontrei um pivô central em funcionamento, irrigando a plantação, conforme mostra uma das fotos publicadas. Tal fato me lembrou minha visita à confluência 20S 50W, em São Paulo, em janeiro deste ano, na qual eu também passei muito perto de um pivô central e tirei uma foto dele. Daquela vez, porém, ele não estava em funcionamento.

O pivô central é responsável pela criação de grandes círculos no terreno, muito familiares para quem tem o costume de observar fotos de satélite, como é o caso de pessoas que visitam confluências. Ao observar o pivô em funcionamento em seu movimento extremamente lento de varredura do círculo, fiquei curioso em saber a velocidade dessa varredura e o tempo que ele gasta para completar uma volta completa. Ao pesquisar na internet, descobri que a velocidade típica da borda externa do pivô é de 250 metros por hora, o que equivale a cerca de 7 centímetros por segundo. Considerando um pivô típico, com 560 metros de comprimento (o que corresponde ao raio do círculo), sua borda externa terá que percorrer uma circunferência de 3.520 metros para dar uma volta completa e, na citada velocidade, gastará cerca de 14 horas. Em outras palavras, o pivô central gira em uma velocidade um pouco menor do que o ponteiro das horas de um relógio.

Vale destacar que a foto de satélite da região da confluência que, conforme citado, é do ano de 2010, não mostra nenhum círculo resultante da irrigação com pivô central. Trata-se de um indicativo de que nos últimos doze anos, a região deve ter sofrido grandes transformações em sua estrutura agrária. Tais transformações podem, talvez, explicar o fato de que a estrada que dá acesso ao povoado de Morrinhos estar atualmente em uma posição diferente em relação ao que a foto de satélite exibe.

Voltei para o asfalto e segui viagem de volta para Brasília. Caiu uma pesada chuva em alguns trechos dessa viagem. No caminho, parei para tomar um lanche, em substituição ao almoço, na cidade de Cabeceiras, em Goiás. Por coincidência, em março de 2014, há mais de oito anos, eu também parei na cidade de Cabeceiras para tomar um lanche, em substituição ao almoço, após visitar a confluência 16S 47W (um grau a oeste em relação à confluência atual), conforme citei na narrativa daquela visita.

Cheguei a Brasília antes das 17 horas, com tempo suficiente para devolver o carro, jantar e pegar o ônibus às 19 horas. Após passar mais uma noite viajando, cheguei em casa na manhã do domingo.

A confluência 16S 46W é mais uma confluência que visito no estado de Minas Gerais. Em janeiro deste ano eu visitei a confluência 20S 51W, e comentei que, com aquela visita, eu estava completando 45 confluências visitadas no estado, faltando apenas 7 para completá-lo. Comentei ainda que as remanescentes estavam se tornando cada vez mais difíceis.

Com essa lista das sete últimas confluências de Minas Gerais em mente, tenho tentado visitar cada uma delas, e fiz duas tentativas frustradas nos últimos meses. Eu nem cheguei a escrever as narrativas dessas tentativas, mas pretendo escrever um resumo de todas as tentativas em uma oportunidade futura. Agora, com essa nova visita bem-sucedida em Minas Gerais (no presente caso, uma confluência não tão difícil como as outras remanescentes), faltam agora seis confluências para eu completar o estado.

English

22-Oct-2022 --

The 16S 46W confluence has an interesting feature. It lies at the way between Montes Claros, the city where I was living nowadays, and Brasília, capital of Brazil. However, this is a precarious way and, although shorter, isn’t utilized by buses nor by cars that travel between the two cities.

The way that cars and buses used to travel, from Montes Claros, is to catch initially BR-365 highway, to pass by Pirapora City, then to catch BR-040 highway, to pass by João Pinheiro, Paracatu and Cristalina Cities and to arrive at Brasília. By this way, the whole distance is 698 kilometers. The less utilized way, on the other hand, heads from Montes Claros to São Francisco City, where it’s necessary to cross the São Francisco River by ferry. Then, heads by asphalted road up to Pintópolis City, where starts a dirt road leg, 72 kilometers long, up to Urucuia City. Then, heads by asphalt road up to Brasília, passing by Arinos and Cabeceiras Cities. The whole distance by this way is 586 kilometers, that is, 112 kilometers less than the more utilized way.

The 16S 46W lies, as cited, very near this shorter and more precarious way between Montes Claros and Brasília. To be more exact, it lies between Urucuia and Arinos cited cities. As I was living in Montes Claros, it would be natural that I would headed by this way from my home up to the point. However, although it seems very strange, I had preferred to make a huge detour, almost three times longer: I had opted to go by bus up to Brasília and then to access the point from there.

I had two technical reasons to make this decision. Firstly, starting straight from Montes Claros, I would need to spend the night at confluence region, because, in this case, I wouldn’t have enough time to go and come back in only one day. And I considered that to find a place to spend the night in that region couldn’t be easy, because that’s a remote region, with only two very small cities, Arinos and Urucuia, both with less than 20,000 inhabitants.

The second reason is that, starting straight from Montes Claros, I must face, as cited, 72 kilometers on dirt road, which could be impassable by a small car. But, despite these two technical reasons, the true reason of my decision to travel by bus to Brasília is that I considered this trip much more enjoyable and interesting.

I caught the bus in Montes Claros at 19:00 of Friday and arrived in Brasília about 6:30 of following day. I took a breakfast, rented a car and headed straight to the confluence. After traveling by 278 kilometers, I arrived at the place where it would start the dirt road that access Morrinhos community.

When I arrived at the place where, according to Google Earth, I must turn right and start the dirt road leg, I was surprised that this road don’t exist! I keep driving by the highway and, 670 meters after, I found the road. I didn’t understand this difference, and the unique acceptable explanation is that the road was changed during the last twelve years, since the satellite photo was taken in 2010.

Although I had managed to find the access to Morrinhos community, as expected, I can’t find any other GPS mark, which would guide me to the confluence, due to the big position variation of the road. Then, I simply opted to mark the exact point of the confluence and to try to approximate only following the GPS arrow.

Initially, I went to Morrinhos community, which lies 3,300 meters beeline to the exact point. When arriving there, to my luck, I realized that there was other road, which starts at the right side of the community’s church, and which heads almost straight to the confluence. I followed this road and managed to go up to 2,350 meters to the exact point. From this point, I must continue walking, because there was a locked gate.

It was a nice walking, although the sun was extremely hot. Following a dirt road, I managed to go up to 550 meters to the exact point. From there, I must leave the road and enter in the bush. The next 340 meters was very easy, by a low bush. Finally, the last 210 meters was by a taller bush, but without big hardness. I got all GPS zeroes and registered the visit at 11:55.

I made all the way back to the car and, when I was driving by the dirt road, going back to the highway, I found a center-pivot at work, irrigating the plantation, as shown in one of the published photos. This remind me my visit to 20S 50W confluence, at São Paulo Brazilian State, in January of the current year, in which I had also passed very near a center-pivot and had taken a photo of it. In that opportunity, however, it hadn’t been at work.

The center-pivot irrigation makes big circles in the terrain, very familiar to people that used to see satellite photos, as the confluence hunters. When I saw the center-pivot with its extremely slow moving, I was curious to know how much time it spends to span the whole circle. I search by the internet and discovered that the typical speed of external border of the center-pivot is 250 meters per hour, or 7 centimeters per second. Considering a typical center-pivot, 560 meters long (that is the radius of the circle), its external border must win a 3,520 meters long circumference and, at this cited speed, it will spend about 14 hours. In other words, the center-pivot spins a bit slower than the hour hand of a clock.

It's remarkable the fact that the satellite photo of the confluence region that, as cited, was taken in 2010, don’t show any center-pivot irrigation circle. This can indicate that, in the last twelve years, the agricultural use of the region changed a lot. Maybe this change in agriculture use explains the change in the position of the access road to Morrinhos community.

I came back to the highway and came back to Brasília. A strong rain felt in some legs of this returning trip. I stopped to take a snack, replacing the lunch, at Cabeceiras City, Goiás State. By coincidence, in March 2014, more than eight years ago, I had also stopped at Cabeceiras City to take a snack, replacing the lunch, after visiting 16S 47W confluence (one degree west to the current one), as cited in that narrative.

I arrived in Brasília before 17:00, with enough time to deliver the car, have dinner and catch the bus at 19:00. After spending one more night travelling, I arrived at Montes Claros at Sunday morning.

The 16S 46W is one more confluence that I had visited in Minas Gerais State. In January of current year, I had visited the 20S 51W confluence, and commented that, with that visit, I was completing 45 visited confluences in this state, remaining only 7 to complete it. I had also commented that the remaining ones are turning harder and harder.

With this list of seven last confluences in my mind, I have been attempted to visit them, and I had made two unsuccessful attempts in the last months. I hadn’t written the narratives of these attempts, but I intend to write a summary of all attempts in the future. By now, with this new successful visit in Minas Gerais State (at the current case, not as hard as other remaining ones), it was lasting six ones to complete the state.