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31-Aug-2019 --
No final de agosto e início de setembro, tirei uma semana de férias e resolvi dedicar o início dessas férias a visitar três confluências que eu considerei muito importantes, pelas razões que serão expostas ao longo das narrativas. A primeira delas seria a confluência 14S 46W, localizada próxima à divisa entre os estados da Bahia e de Goiás.
Na sexta-feira, dia 30 de agosto, peguei um ônibus à noite em Montes Claros e cheguei a Brasília na manhã do dia seguinte. Aluguei um carro e segui viagem pela BR-020 em direção ao estado da Bahia. Viajei por cerca de 310 quilômetros e peguei uma estrada asfaltada à direita, um quilômetro depois da divisa entre os estados de Goiás e Bahia.
Segui por mais dois quilômetros em asfalto e, então, iniciou o longo trecho em estrada de terra, que estava em condições muito boas. A confluência localiza-se em uma gigantesca plantação de algodão. O trajeto que eu havia planejado previamente, a partir das fotos de satélite do Google Earth, margeando a plantação, se mostrou inviável, devido à inexistência de alguns trechos de estrada que, pelas fotos, pareciam existir. A solução foi basear-me apenas na seta do GPS, e buscar me aproximar cada vez mais, através das estradas perpendiculares que atravessam a plantação e cruzam entre si.
Fui me aproximando cada vez mais, até parar o carro a 1.050 metros do ponto exato, após percorrer 30 quilômetros em estrada de terra. Deixei o carro e segui o percurso restante a pé, por dentro da plantação, que já estava toda colhida. A vastidão da plantação fez com que as fotos em todas as direções ficassem muito parecidas.
Fiz todo o caminho de volta, parando para tirar uma foto de grandes rolos de algodão já colhidos, conforme pode ser visto em uma das fotos publicadas. Voltei para a BR-020 e, alguns quilômetros depois, parei para tomar um lanche, em substituição ao almoço. Segui viagem até Brasília onde cheguei pouco antes do anoitecer.
Conforme citado, esta confluência é uma das que eu escolhi para serem visitadas em minhas curtas férias, devido à sua importância. A razão é que esta é uma confluência que nunca foi visitada antes, e, com ela, o Brasil completa 366 confluências visitadas de um total de 731, ou seja, o Brasil, com essa visita, alcança a marca de 50% de suas confluências visitadas.
Eu já estava em busca dessa marca desde o ano passado. Em 2018, quando eu ainda morava em Marabá, eu tinha em vista a confluência 6S 47W, no Maranhão, inédita, que eu já havia tentado visitar uma vez em agosto de 2015, mas sem sucesso. A nova tentativa de visita a essa confluência, porém, não se concretizou, devido à minha mudança para Minas Gerais.
Em 2019, já morando em Minas Gerais, eu passei a ter em vista algumas confluências, também inéditas, localizadas no sudoeste da Bahia. Em abril de 2019, eu viajei de ônibus para Vitória da Conquista e tentei visitar a confluência 15S 42W, inédita, mas a caatinga extremamente densa impediu que eu conseguisse chegar ao ponto exato.
Três meses depois, em julho, eu fiz uma viagem para Brasília, na qual eu resolvi fazer um desvio pela Bahia, como uma nova tentativa de visitar uma confluência inédita. Tentei visitar a confluência 14S 44W, mas, devido às más condições da estrada, não consegui chegar ao ponto exato. Nesta mesma viagem, eu passei bastante próximo da confluência atual, a 14S 46W, mas, devido ao adiantado da hora e à necessidade de chegar a Brasília para um compromisso que eu tinha no dia seguinte, eu não fiz uma tentativa de chegar ao ponto exato.
Agora, finalmente, na terceira tentativa de visitar uma das confluências inéditas localizadas no sudoeste da Bahia, eu consigo alcançar meu objetivo.
Analisando o mapa de confluências já visitadas do Brasil, percebemos, como é de se esperar, que a imensa maioria das confluências ainda não visitadas se localizam na Floresta Amazônica. Trata-se de uma região de acesso muito difícil, na qual a maioria das confluências permanecerá sem visitas por muito tempo, contanto que a floresta permaneça em pé. Considerando os sete estados da região Norte, onde a floresta se concentra, têm-se atualmente 45 confluências visitadas de um total de 310, ou seja, 15% de confluências visitadas. Já no restante do Brasil, tem-se 321 confluências visitadas de um total de 421, ou seja, 76% das confluências visitadas.
Fora da Amazônia, a região com o maior número de confluências inéditas no Brasil é o sertão nordestino, especialmente o sul do Piauí e o oeste da Bahia. A região Nordeste contém 71% de confluências visitadas.
Na região Sul, 95% das confluências já foram visitadas, e faltam apenas 3 confluências, todas elas localizadas em alto mar. Na região Sudeste, ocorre situação semelhante: 97% das confluências já foram visitadas e as três que faltam também se localizam em alto mar.
Finalmente, na região Centro-Oeste, onde 60% das confluências já foram visitadas, algumas poucas confluências inéditas se localizam no Pantanal, e a imensa maioria se localiza no norte do Mato Grosso, e se inserem na lista das confluências localizadas na Floresta Amazônica.
Passando nossa análise para o mundo, observamos, inicialmente, que, considerando os cinco maiores países do mundo (Rússia, Canadá, Estados Unidos, China e Brasil), apenas Estados Unidos e Brasil já alcançaram a metade das confluências visitadas. Rússia e Canadá enfrentam a dificuldade representada pela enorme quantidade de confluências localizadas em regiões muito remotas, próximas ao Polo Norte. Já a China, pelo que parece, não contou, ao longo do tempo, com um grande volume de pessoas dedicadas ao hobby de visitar confluências. Embora haja dois grandes entusiastas desse hobby no país (Targ Parsons, que tem 231 visitas na China, e Ray Yip, que tem 87), a falta de um grande contingente de pessoas visitando confluências, a despeito de se tratar do país com a maior população do mundo, levou a China a acumular apenas 44% de confluências visitadas, com as não visitadas se concentrando fortemente no oeste do país, a região com a menor densidade populacional.
Passando à análise dos continentes, verifica-se, inicialmente, que a Europa se destaca fortemente em termos de visitas realizadas. Todos os países europeus já alcançaram pelo menos metade das confluências visitadas, e muitos deles já estão com 100% das confluências com registro de visita bem-sucedida. A exceção é a já citada Rússia, mas, mesmo nesse caso, se considerarmos apenas a parte europeia desse país, a marca de 50% já foi superada.
Na América do Norte, o México e os já citados Estados Unidos têm mais de 50% de visitas realizadas, ao passo que a parte norte do continente tem um percentual muito baixo, devido, conforme já citado, às dificuldades de acesso a regiões próximas ao Polo Norte. Tanto o Canadá quanto o estado americano do Alaska, e especialmente a Groenlândia, estão muito distantes dos 50%.
Na América Central, a maioria dos países já ultrapassaram os 50%, e os poucos que ainda não alcançaram essa marca são, em linhas gerais, os países mais pobres da região, como Nicarágua, Honduras e Haiti. Nas pequenas ilhas do Caribe, predominam as confluências em alto mar e, para essas, merece destaque o trabalho do navegador Captain Peter, que tem um total de 212 confluências visitadas em todo o mundo, a grande maioria em alto mar.
Na América do Sul, percebe-se um contraste entre o sul do continente, onde países como Argentina e Uruguai (e a metade sul do Brasil) já alcançaram os 50%, e o norte, região que enfrenta as dificuldades da Floresta Amazônica e na qual os países, em sua imensa maioria, não alcançaram os 50%. As duas exceções a essas duas regras são, por um lado, o Chile, que tem um percentual baixo provocado pelas dificuldades do litoral extremamente recortado do extremo sul do país, e, por outro lado, a Venezuela, que já ultrapassou os 50% por contar com importantes entusiastas desse hobby de visitar confluências, com destaque para Alfredo B. Remon Mendez, que tem 44 confluências visitadas no país.
Passando para a Ásia, temos grande diversidade, mas, em linhas gerais, temos alguns países grandes, como Arábia Saudita, Mongólia e Índia, com percentual de cobertura superior a 50%, e outros também grandes, como Cazaquistão, Irã e as já citadas Rússia e China, com percentual inferior a 50%. Os países menores também estão divididos entre os mais cobertos e os menos cobertos.
Na Oceania, um grande contraste entre os dois maiores países da região: a Austrália, com percentual bem maior do que 50%, e a Indonésia, com percentual bem menor. A Nova Zelândia também já alcançou os 50% e os demais países, em linhas gerais, têm pequena cobertura.
Na África, é possível perceber algumas regiões com países que têm cobertura maior que 50%, como o oeste do continente (Nigéria, Gana e outros países menores), o norte muçulmano (Egito, Líbia e Marrocos) e o sul (África do Sul, Zimbábue e Namíbia). A região central é a menos coberta, na qual grandes países como Chade, República Democrática do Congo, entre outros, têm percentual muito baixo.
Completando o mundo, obviamente, a Antártica é uma grande área vazia, com menos de 0,2% de confluências visitadas. Considerando o mundo como um todo (e descartando as confluências localizadas em alto mar e sem vista para a terra), o percentual atual de confluências já visitadas é de 29%. Esse cálculo diverge daquele apresentado pelo site, porque o site descarta em suas estatísticas as chamadas confluências “secundárias”. Para compensar o fato de que, no extremo norte e no extremo sul do mundo, as confluências em uma mesma latitude ficam muito próximas entre si, o site passa a "pular" algumas confluências consecutivas, classificando-as como secundárias e desconsiderando-as nas estatísticas.
Esta narrativa continua na visita à confluência 19S 50W.
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31-Aug-2019 --
At the end of August and the beginning of September, I got a week of vacations and decided to dedicated the beginning of these vacations to visit three confluences that I considered very important, due to the reasons that I will expose during the narratives. The first one would be 14S 46W, located near the line between Bahia and Goiás states.
On Friday, August 30, I caught a bus at night in Montes Claros city, Minas Gerais state, and arrived at Brasília city in the morning of the following day. I rented a car and headed to Bahia state by BR-020 highway. I drove by about 310 kilometers and caught an asphalted road at right, one kilometer after the line between Goiás and Bahia states.
I followed by more two kilometers on asphalt and, then, the long leg in dirt road started, which was in very good condition. The confluence lies in a huge cotton plantation. The way that I previously planned, from Google Earth satellite photos, bordering the plantation, was undoable, due to the absence of some legs of road that, according to the photos, looks like it exists. The solution was to follow only the GPS arrow, approximating more and more, across the perpendicular roads that cross the plantation.
I approximated more and more, up to stop the car 1,050 meters to the exact point, after driving by 30 kilometers in dirt road. I left the car and won the remaining distance hiking, inside the plantation, which was totally harvested. The vastness of the plantation made the photos in all directions very similar.
I made all the way back, stopping to take a picture of huge harvested cotton rollers, as it can be viewed in one of the published photos. I came back to BR-020 highway and, some kilometers after, I stopped to take a snack, replacing the lunch. I headed to Brasília, where I arrived before evening.
As cited, this confluence was chosen to be visited in my short vacations due to its importance. The reason is that this is a never visited confluence and with it, Brazil completes 366 visited confluences out of 731, that is, Brazil reaches 50% of visited confluences.
I was searching by this capstone since the previous year. In 2018, when I was living in Marabá city, Pará state, I aimed at the 6S 47W confluence, in Maranhão state, never visited. I attempted this confluence in August 2015, but without success. A new attempt to it, however, wasn’t done, due to my change to Minas Gerais state.
In 2019, living in Minas Gerais state, I aimed at some confluences, also never visited, located in southwest of Bahia state. In April 2019, I travelled by bus to Vitória da Conquista city, Bahia state, and attempted to visit 15S 42W confluence, never visited, but the extremely dense caatinga vegetation avoided me to reach the exact point.
Three months after, in July, I made a trip to Brasília, in which I decided to make a detour by Bahia, as a new attempt to visit a never visited confluence. I attempted to visit the 14S 44W confluence, but, due to the bad condition of the road, I didn’t manage to go up to the exact point. In this same trip, I passed very near to the current confluence, the 14S 46W one, but, due to late hour and the necessity to arrive at Brasília to a duty in the following day, I didn’t make an attempt to arrive to the exact point.
Now, finally, in my third attempt to visit one of the never visited confluences in southwest of Bahia, I managed to accomplish my objective.
Analyzing the map of already visited confluences in Brazil, we perceive, as expected, that the great majority of never visited confluences lies in Amazon Jungle. That’s a region with very hard access, in which the majority of confluences will remain unvisited by a long time, as long as the forest maintains untouched. Considering the seven states of the North region of Brazil, where the forest is located, there are actually 45 visited confluences out of 310, that is, 15% of visited confluences. In the rest of Brazil, on the other hand, there are 321 visited confluences out of 421, that is, 76% of visited confluences.
Out of Amazon Jungle, the Brazilian region with the biggest amount of unvisited confluences is the semiarid region of Northeast of the country, specially the south of Piauí state and the west of Bahia state. The Northeast region of Brazil contains 71% of visited confluences.
In South region of Brazil, 95% of the confluences are already visited, and only remains 3 unvisited confluences, all of them in open sea. In Southeast region of the country, some similar situation happens: 97% of the confluences are already visited, and 3 remains unvisited, all of them in open sea.
Finally, in Mid-West region of Brazil, where 60% of the confluences are already visited, a little amount of never visited ones are located in wetlands of Pantanal region and the great majority lies in north of Mato Grosso state, and are in the list of confluences located in Amazon Jungle.
Analyzing, by now, the entire world, we can observe that, initially, considering the five biggest countries of the world (Russia, Canada, United States, China and Brazil), only United States and Brazil already reached half of visited confluences. Russia and Canada face the hardness represented by the huge amount of confluences located in very remote regions near North Pole. In China, on the other hand, apparently, it hadn’t, during the time, a big amount of confluence hunters. Although there are two very important confluence hunters in China (Targ Parsons, with 231 visits in China, and Ray Yip, with 87), the lack of a big amount of people visiting confluences, despite of China have the biggest population of the world, makes China to register only 44% of visited confluences, with the unvisited ones strongly concentrated in west of the country, the less densely populated region.
Passing the analysis to the continents, we can verify that Europe is by far the more visited region of the world. All countries of this continent have at least 50% of visited confluences and several of them have 100% of visited confluences. The exception is the already cited Russia, but, even it, considering only the European part of this country, the 50% mark was already reached.
In North America, Mexico and the already cited United States have more than 50% of visited confluences. On the other hand, the far north of the continent has a very low percentage due, as already cited, to the hardness of the access to regions near North Pole. Canada, the American state of Alaska, and specially Greenland have percentage much below 50%.
In Central America, the majority of countries are above 50%, and the little amount of countries below 50% are the poorest countries of the region, like Nicaragua, Honduras and Haiti. In the small countries of Caribbean region, the majority of confluences lies in open sea, and to these ones, it’s very important the work of the sealer Captain Peter, which has 212 confluence visits all over the world, the great majority in open sea.
In South America, we could perceive a great contrast between the south of the continent, where countries like Argentina and Uruguay (and the southern half of Brazil) has more than 50% of visited confluences, and the north of the continent, region that faces the hardness of Amazon Jungle, and which the great majority of the countries didn’t reach the 50%. The two exceptions of these two rules are, on one hand, Chile, which has a low percentage of visited confluences due to the hardness of extremely jagged coastline of far south of the country, and, on the other hand, Venezuela, which reaches 50% of visited confluences, due to the presence of important confluence hunters in the country, specially Alfredo B. Remon Mendez, which has 44 visited confluences in the country.
In Asia, we have a great diversity, where some big countries, like Saudi Arabia, Mongolia and India, have more than 50% of visited confluences, and other big countries, like Kazakhstan, Iran and already cited Russia and China, with percentage below 50%. The smallest countries are also divided by the more covered and the less covered ones.
In Oceania, a great contrast between the biggest countries of the region: Australia, with a percentage much more than 50%, and Indonesia, with a percentage much less than 50%. New Zealand also reached 50% and the remained countries, generally, have small covering.
In Africa, it’s possible to identify some regions with countries with percentage above 50%, like the west of the continent (Nigeria, Ghana and other small countries), the muslin north (Egypt, Libya and Morocco) and the south (South Africa, Zimbabwe and Namibia). The central region of the continent is the less covered, in which big countries like Chad, Democratic Republic of Congo, and others, have very low percentage.
Completing the world, obviously, the Antarctica is a big empty area, with less of 0.2% of visited confluences. Considering the world as a whole (and discarding confluences located in open sea without any land view), the current percentage of visited confluences is 29%. This calculus diverges of the showed one in the site, because the statistics of the site discards the “secondary” confluences. In order to compensate the fact that, in far north and in far south of the world, confluences in same latitude line are much nearer each other, the site “jumps” some consecutive confluences, classifying them as secondary and discarding them in the statistics.
This narrative continues on 19S 50W.