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13-Mai-2012 -- Esta é a minha quinquagésima visita bem-sucedida, a segunda após minha mudança para o estado do Ceará, e a segunda que eu faço de ônibus. Em agosto de 2009, em uma viagem a trabalho para Brasília, peguei um ônibus e visitei a confluência 16S 48W. Desta vez, peguei um ônibus em Fortaleza e fui até Quixadá, onde visitei a confluência 5S 39W. Realizar visitas sem carro só é viável se o ponto localiza-se muito próximo à cidade.
A propósito, por falar em Brasília, estive lá a trabalho novamente, há poucos dias, e planejei fazer uma nova visita a alguma confluência. No entanto, a dificuldade de acesso aos pontos mais próximos e a falta de tempo disponível inviabilizaram a tentativa. A confluência mais próxima de Brasília, conforme dito, é muito fácil, acessível sem precisar de carro. Mas, as outras, são todas bastante complicadas. A segunda de mais fácil acesso a partir da cidade é a confluência 17S 48W, localizada no estado de Goiás. Para chegar até ela, a partir de Brasília, são 260 quilômetros de estrada asfaltada, mais 45 quilômetros de estrada de terra e mais 500 metros de caminhada, cujo grau de dificuldade não é possível prever. Diante desse cenário, não pude, nesta oportunidade, fazer qualquer tentativa naquela região.
Voltando ao estado do Ceará. Esta é a segunda vez que eu tento visitar a confluência 5S 39W. Há pouco mais de um mês, eu aluguei um carro em Fortaleza, visitei a confluência 4S 39W e segui viagem em direção à cidade de Quixadá. No entanto, devido ao mato fechado que encontrei na região da confluência, e à falta de outras opções de acesso, não consegui chegar a menos de 400 metros do ponto.
Desta vez, peguei um ônibus em Fortaleza às nove horas de domingo, 14 de maio, e cheguei a Quixadá por volta das 11h20min. Após estudar mais profundamente a região, e com a experiência adquirida na tentativa anterior, pude identificar um caminho mais viável.
A partir da rodoviária de Quixadá, o ponto exato estava a 5.550 metros. Não era uma distância muito grande para se caminhar, mas em virtude do sol forte, do fato de eu estar em pleno sertão nordestino e do fato da distância se dobrar com a necessidade da volta, eu decidi pegar um taxi. Procurei taxi por todo o centro da cidade, mas não encontrei nenhum. Talvez pelo fato de ser domingo. Consegui apenas um moto-táxi, que me levou até bem próximo do ponto. Paramos em frente à entrada da fazenda Lavoura Seca, pertencente à Universidade Federal do Ceará, dentro da qual a confluência se localiza. Dos 5.550 metros previstos, percorri de moto os primeiros 4.430 metros.
Na narrativa à visita 4S 39W encontram-se os detalhes da primeira tentativa de acesso a esta confluência. Naquela ocasião, eu comentei que havia feito a tentativa de acesso por um primeiro caminho, no qual não pude chegar a menos de 400 metros. Comentei em seguida que experimentei outro caminho, que não foi suficientemente explorado por falta de tempo. E comentei finalmente que uma nova tentativa deveria ser feita por esse segundo caminho. Após voltar ao estudo das fotos de satélite da região, no entanto, percebi que o melhor acesso era pelo primeiro caminho, e não pelo segundo. Mas, ao invés de deixar a estrada de terra logo que a confluência estivesse próxima o suficiente, como fiz da primeira vez, o correto seria seguir direto, até a fazenda Lavoura Seca, entrar na fazenda e contornar por trás. De fato, esta se relevou a melhor alternativa.
Entrei na fazenda através de um portão de ferro sem cadeado, segui até os fundos, passando por algumas construções. Não encontrei ninguém. Entrei no mato e dei de cara com uma vegetação de caatinga, típica do sertão nordestino, com seus galhos secos e muitos espinhos. Nesse momento eu estava a 400 metros do ponto exato.
A caminhada final não foi fácil. A vegetação estava muito fechada e os espinhos atrapalhavam muito. Era necessário estudar cada novo passo a ser dado, proteger o rosto e deixar que os espinhos arranhassem os braços, passar em certos trechos abaixado, de costas, ou pisar no tronco para derrubá-lo e abrir passagem, correndo o risco do pé se soltar e o galho voltar com força na cara.
Com muita dificuldade, venci os 400 metros finais e zerei o GPS. O caminho de volta foi a mesma dificuldade, até chegar novamente à fazenda.
De volta à estrada, aliviado por ter concluído o trecho mais difícil, mas sem esquecer o fato de que o que estava por vir também não seria fácil. Desta vez eu não teria a carona da moto, e tinha à minha frente cinco quilômetros de caminhada sob sol forte. Eu não tinha levado água, mas fui prevenido e bebi meio litro antes de sair da cidade.
Cheguei muito cansado à rodoviária de Quixadá, por volta de 15h40min, tomei um refrigerante e logo em seguida peguei um ônibus de volta para Fortaleza.
Quixadá é uma cidade conhecida pelos chamados monólitos, gigantescas formações rochosas espalhadas por toda a cidade. Eu encontrei algo parecido no Espírito Santo, conforme mostram a narrativa e as fotos da visita à confluência 20S 41W. No entanto, enquanto as formações rochosas do Espírito Santo são mais arredondadas e lisas, as de Quixadá são extremamente irregulares, chegando a formar estranhas e inusitadas figuras, como a famosa Pedra da Galinha Choca, mostrada em uma das fotos desta confluência.
Conforme dito, com esta eu completo cinquenta visitas bem-sucedidas a confluências. Esta é uma boa oportunidade de relembrá-las e fazer algumas estatísticas a respeito delas.
A primeira visita foi à confluência 20S 44W, localizada dentro da cidade de Belo Horizonte, cidade em que eu morava à época. Curiosamente, a primeira confluência visitada foi também a mais fácil até agora. Não foi preciso nem sair da rua. Esta visita ocorreu em 8 de dezembro de 2008, 3 anos e 5 meses atrás. Desde então eu tenho mantido uma média de uma visita a cada 26 dias. No ano de 2008 eu fiz 4 visitas, no ano de 2009 eu fiz 16 visitas, no ano de 2010 eu fiz 13, em 2011 eu fiz 9 e em 2012, até o mês de maio, eu fiz 8. Em nove oportunidades, eu visitei duas confluências em um único dia. E em uma única oportunidade, no dia 16 de abril de 2011, eu visitei três confluências em apenas um dia, duas no estado do Paraná e uma no estado de São Paulo.
Falando em estados brasileiros, já visitei confluências em dez estados: Minas Gerais, São Paulo, Distrito Federal, Espírito Santo, Paraná, Mato Grosso do Sul, Pernambuco, Paraíba, Alagoas e Ceará. Em números absolutos, Minas Gerais continua sendo disparado o estado com maior número de visitas, com 25, ou seja, metade do total. Mas, elas se concentraram nos primeiros anos. Minas Gerais foi o destino de 18 das 20 primeiras confluências, e, por outro lado, ele não recebe nenhuma nova visita há um ano e meio. São Paulo vem em segundo lugar, com 12 visitas já realizadas. Em termos percentuais, São Paulo fica na frente, com 52% de confluências já visitadas em relação ao total do estado, enquanto Minas Gerais tem 48%. Mas, falando em termos percentuais, a liderança é do Distrito Federal, que, por ter apenas uma confluência, já foi 100% visitado.
Em termos do grau de dificuldade para alcançá-las, as mais fáceis foram aquelas em que eu nem precisei sair do asfalto. Além da 20S 44W, já citada, houve outras duas: 22S 45W e 23S 48W. As mais difíceis, por diferentes motivos, foram as seguintes: 21S 44W e 20S 43W, devido à grande dificuldade de localização dentro do labirinto de estradas de terra presentes na região (atualmente seria bem mais fácil, porque agora as regiões estão cobertas por fotos de alta resolução do Google Earth); 21S 46W, por se localizar dentro da represa de Furnas, e exigir uma carona em alguma embarcação para alcançá-la; 21S 41W, 16S 43W, 7S 35W e a atual, 5S 39W, por exigir caminhadas em áreas bastante complicadas.
Para terminar, algumas informações acerca do que foi encontrado no ponto exato de cada confluência, o que nos dá uma indicação (embora sem o necessário rigor estatístico) a respeito da tradição agrícola e do grau de urbanização de cada região. Das 50 confluências, 23 se localizam em região de mato rasteiro ou pasto. As plantações de cana vêm em segundo lugar, com 8 ocorrências. Em terceiro lugar, com 7 ocorrências, estão as localizadas em mata fechada, de difícil acesso, aí incluindo áreas de floresta ou de caatinga. Dois pontos localizam-se em plantações de café. Exatamente em cima de estradas de terra estão outros dois pontos. Plantações de milho, de batata, de eucalipto e seringueiras ocupam um ponto cada uma. E, finalmente, outros pontos localizam-se em uma represa, em um campo de futebol, em uma estação de tratamento de água e no mar.
English
13-May-2012 -- This is my fiftieth successful visit, the second after changing to Ceará state, and the second made by bus. In August 2009, in a business travel to Brasília, I caught a bus and visited 16S 48W confluence. By now, I caught a bus in Fortaleza and go up to Quixadá, which I visited 5S 39W confluence. Making visits without car is only viable if the point lies very near to the city.
By the way, speaking about Brasília, I went there a few days ago, and planned to visit a new confluence. However, the hard access to nearest points and the lack of time avoided it. The Brasília’s nearest confluence, as described, is very easy, accessible without car. But, the remaining ones are all very complicated. The second most acessible of the city is 17S 48W, located at Goiás state. To go up there, we must run 260 kilometers in paved road, plus 45 kilometers in dirt road and plus 500 meters on foot, which hardness level is not foreseeable. Due to this scenario, I couldn’t, in this time, do any attempt in that region.
Back to Ceará state. This was the second attempt to confluence 5S 39W. One month ago, I rented a car in Fortaleza, visited 4S 39W confluence and followed to Quixadá. However, due to dense bush in confluence surroundings, and the lack of other options, I couldn’t go more than 400 meters close to the point.
At this time, I caught a bus in Fortaleza at 9:00 of Sunday, 14 May and arrived at Quixadá about 11:20. After more depth studying of the region, and with the experience of previous attempt, I could identify a more viable way.
From Quixadá bus station, the point lies 5,550 meters far. It isn’t a very long walking distance, but, due to hot sun, due to I was in Brazilian northeastern wilderness (a very hot and dry region), and due to the double distance of go and back, I decided to take a cab. I searched a cab all downtown, but didn’t find any. Maybe due to it’s Sunday. I got only a motorcycle taxi, which took me very close to the point. We stopped in front of Lavoura Seca farm entrance, owned by Federal University of Ceará, where the confluence lies. From 5,550 previewed meters, the motorcycle ran the first 4,430 ones.
The details of my first attempt to access this confluence are in 4S 39W narrative. In that occasion, I commented that I tried to go up to the confluence by a first way, in that I couldn’t go closest than 400 meters. I also commented that I tried a second way, but, due to lack of time, I didn’t explore it enough. And I finally commented that a new try must be made by this second way. After coming back to the study of satellite photos of the region, however, I realized that the best way is the first one, not the second one. But, instead of leaving the dirt road soon when the exact point is close enough, as made in the previous attempt, the correct is following ahead up to Lavoura Seca farm, to get in the farm and to skirt it up to its back. In fact, this was the best way.
I got in the farm by an unlocked iron gate, went up to its back, passing by some buildings. I didn’t find anyone. I got in the bush and faced caatinga vegetation, typical vegetation of northeastern region of Brazil, with its dry branches and a lot of thorns. At this moment I was 400 meters to the exact point.
The hike wasn’t easy. The vegetation was very dense and the thorns disrupted a lot. It was necessary to study each new step, to protect the face and left the thorns to scratch the arms, passing by some tracks lowered, walking backwards, or stepping over the trunk of the branch to fall it and open the passage, risking the foot slip and the branch turns back to the face.
With hardness, I won the remaining 400 meters and got all GPS zeroes. The back way was the same hardness, up to the farm again.
Back to the road, relieved for ending the hardest leg, but without forgot that the next challenge wouldn’t be easy, so. In this time I wouldn’t have the motorcycle, and need to hike five kilometers under hot sun. I haven’t water, but remembered to drink half liter before left the city.
I arrived very tired at Quixadá bus station, about 15:40, drank a soft drink and soon caught a bus back to Fortaleza.
Quixadá is a city known by its “monólitos”, huge rock formations spread out all over the city. I found something similar in Espírito Santo state, as shown in the narrative and photos of 20S 41W confluence. However, while the rock formations of Espírito Santo are more rounded and flat, the ones of Quixadá are extremely irregular, shaping weird and unusual figures, like the famous “Pedra da Galinha Choca” (Broody Hen Stone), shown in one of photos of this confluence.
As commented, with this confluence I completed 50 successful visits. This is a good opportunity to remember them and make some statistics about them.
The first visited confluence was 20S 44W one, located inside Belo Horizonte city, where I was living at that time. Curiously, the first confluence is also the easiest. It wasn’t necessary left the street to record it. This visit occurred at 8 December 2008, 3 years and 5 months ago. Since then, I have been kept an average of one visit at each 26 days. In 2008 I made 4 visits, in 2009 I made 16 visits, in 2010 I made 13 ones, in 2011 I made 9 ones and, in 2012, up to May, I made 8 ones. In nine occasions, I visited two confluences in only one day. And in only one occasion, at 16 April 2011, I visited three confluences in only one day, two of them at Paraná state and one at São Paulo state.
Speaking about Brazilian states, I already visited confluences in ten states: Minas Gerais, São Paulo, Distrito Federal, Espírito Santo, Paraná, Mato Grosso do Sul, Pernambuco, Paraíba, Alagoas e Ceará. In absolute numbers, Minas Gerais is yet by far the more visited state, with 25 ones, half of the total. But they are concentrated in the first years. Minas Gerais was the destiny of 18 out of 20 first confluences, and, in the other hand, it didn’t receive any new visit in the last one and a half year. São Paulo is in the second place, with 12 visited confluences. By percentage, however, São Paulo is in front, with 52% of visited confluences in relation to the state total, while Minas Gerais has 48%. However, speaking about percentages, the first place is Distrito Federal, that has only one confluence, and then is 100% visited.
Based on level of hardness, the easiest ones are visited without leaving the asphalt road. In addition to 20S 44W already cited, there are two others: 22S 45W and 23S 48W. The hardest, by different reasons, are: 21S 44W and 20S 43W, due to hardness in localize the correct way inside of the maze of dirt roads (nowadays the access would be much more easy, because the regions are now covered by high resolutions satellite photos in Google Earth); 21S 46W, due to it lies inside Furnas dam, and it’s necessary some ship to reach it; 21S 41W, 16S 43W, 7S 35W and the current one, 5S 39W, due to its necessary to hike in complicated areas.
Finally, some information about what I found at the exact place, that give us an indication (although without the necessary statistical accuracy) about agricultural tradition and degree of urbanization of each region. From 50 confluences, 23 lie at brushwood or pasture. Sugar cane plantations are in second place, with 8 occurrences. In third place, with 7 occurrences, are confluences located at dense bush, with hard access, including forests and caatinga vegetation. Two points are located in coffee plantation. Other two points lies exactly on dirt roads. Corn, potato, eucalyptus and latex plantations have one point each one. And, finally, other points lie at a dam, a soccer field, a water treatment plant and at the sea.